Estamos no século XXI, na era da tecnologia, o ser humano se torna cada vez mais dependente de suas invenções, a informação em tempo real, a praticidade e a comodidade aliadas em um único objetivo, a necessidade individual de um coletivo.
Dentro desta ótica nos deparamos com o reflexo de um sistema capitalista, a famosa “oferta e procura”, ela é a engrenagem que move nosso mercado, cria tendências e nos ofertam desde coisas essenciais até as mais fúteis possíveis. E assim, aliado da tecnologia e da oferta e procura é que surgem famosos os aplicativos, é possível encontrar diversos deles para todas as finalidades imaginadas, com propostas de entretenimento, saúde e até mesmo trabalho. Um celular com diversos destes “Apps” pode ser comparado a um canivete suíço contemporâneo, até mesmo serviços como a contratação de um motoboy, é possível ser feita através do celular. Mas até que ponto pode-se desfrutar destas ferramentas sem prejudicar um setor, ou classe trabalhadora? Vamos desenhar este cenário para que se possa entender um pouco mais sobre esta questão.
O segmento de motofretista, ou vulgo motoboy se preferir, conta com mais de 500 mil trabalhadores somente no estado de São Paulo, e estimasse mais de 1,5 milhões em todo o país, uma profissão relativamente nova que aos poucos vem conquistando seu espaço e se tornando essencial nas grandes metrópoles. São profissionais que depois de anos de luta estão amparados pela CLT e hoje gozam da formalidade, mas que agora estão sendo ameaçados pelo mundo digital, que neste caso caminha contra a evolução. É possível que a tecnologia possa ir à contramão do desenvolvimento, quando interferem nos deveres e direitos garantidos em lei, como é o caso destas empresas de aplicativos voltados para o segmento. Essas empresas se dizem intermediadoras na prestação do serviço, onde fornecem uma plataforma de comunicação entre o motofretista, que na grande maioria das vezes não está regularizado, e o cliente que é atraído pelo preço. Estas empresas fazem com que o profissional abra mão de seus direitos trabalhistas, além disso, nos deparamos com a isenção de responsabilidade por parte das empresas que fornecem esse tipo de serviço, colocando como responsável solidária a tomadora de serviço, assim, tornam o trabalho oferecido por eles, não só desrespeitoso com o cliente, como desleal para o setor, pois praticam preços incompatíveis com a realidade do mercado, uma vez que não se tem nem uma obrigação fiscal com os motofretistas que realizam as entregas.
Em outro ponto está o empresário do setor de entregas rápidas, que lutou muito para chegar até aqui, e hoje se vê refém das empresas de intermediação. Mas afinal o que eles devem fazer? Abrir mão de anos de luta pela formalização do setor e se render a tecnologia, já que é ela a responsável por nossa evolução? Ou lutar pelo direito da classe, exigindo maior responsabilidade por parte destas startups?
E você? Depois das questões levantadas neste texto, como tomador de serviço vai optar pela tecnologia ou pela formalidade? Lembre-se que lutar pela evolução sempre será o objetivo da humanidade, mas também se faz necessário que o peso da balança seja justo para ambos os lados, só assim é possível um crescimento honesto e organizado.